Virgílio Moretzsohn Moreira
Não são ossos,
um dente escondido,
oblíquo,
alongadas mãos
traços de vida representados,
fibras em cadeia que o corpo deve ter,
colcha azulada para o meu
frio,
um sol telefônico
chegante,
olhos pendurados
pela expectação.
Era a sensação de que seria consertado,
adivinhado,
no domicilio do meu desejo.
Ela se correspondia com as vésperas
do meu anúncio.
E quando,
agora,
me instrumentalizo
com os perfurocortantes
da interrupção
só eu mesmo me oxigeno.
Cumpro-me em carbonizado silêncio.
MOREIRA, Virgílio Moretzsohn. Perfurocortantes. In: Revista
Brasileira de Língua e literatura, Rio de Janeiro, ano II, número 5, 3o
trimestre de 1980.
Virgílio Moretzsohn Moreira, poeta, ensaísta e jornalista. Obras: Chão de Dentro (1982), 80
Crônicas em Forma de Poema (1982), O Síndico da Noite (1982), Fardados
de Azul, entre outras.
Por vezes, no nosso caminho de ossos do ofício, ossos duros de roer.
ResponderExcluirBjs